Redescobrindo o caminho mágico!



Boa tardeeeeeee (Boa noite/Bom dia, pra você que está lendo em outro horário, rsrs). Bree escrevendo, hoje, e já que a Lena compartilhou com vocês como foi a introdução dela ao caminho mágico, decidi fazer o mesmo! Desculpem pela ausência esses dias, mas, como sabem, trabalho e faculdade consomem bastante o nosso tempo. Vamos compensar com postagem nova hoje, e outras duas no fim de semana, ok?


Bom, para mim, a magia não teve exatamente um começo. Sempre esteve presente, pois é uma tradição familiar. Não como religião, mas como atividade: minha bisavó, católica, era uma benzedeira tão capaz de tirar as piores dores de alguém - como quando me benzeu após eu ter caído com ambas as pernas dentro de um formigueiro, com 4 anos - quanto de amaldiçoar uma pessoa à morte (sim, eu vi ambas as coisas acontecerem); também lia a sorte desde criança, nas palmas das mãos e nas cartas, abrandava tempestades e sabia quando alguém ia morrer. Minha avó era uma bruxa das ervas, seguia o espiritismo e linhas espiritualistas como Kaff, sendo em última análise uma pessoa sem religião definida, mas com muita fé na espiritualidade; sua conexão com a Terra era algo além de qualquer coisa, ela parecia saber falar a língua das plantas, e conhecia os nomes e usos tanto mágicos quanto terapêuticos das plantas - algo que veio a passar para mim. Minha mãe, por outro lado, era mais parecida com minha bisa, mas seguia a tradição celta e tinha uma forte ligação com o mundo dos mortos, tendo visto fantasmas por toda a vida e com forte intuição para as artes de cura - inclusive, atuou na medicina por anos. Infelizmente, escolhas ruins a fizeram corromper seu caminho mágico, e posteriormente o mundano, afastando-a de tudo isso, mas também foi uma bruxa muito forte.

    Com essa tradição familiar, magia era algo que fazia tanto parte do meu mundo quanto o sol ou a chuva. Nunca me questionei se ela existia. Agora, questionar se eu era capaz de fazê-la... Isso são outros quinhentos. Afinal, quando se tem uma bisavó que elimina dores com uma reza e mata inimigos do mesmo jeito, e uma mãe que fala com os mortos e descreve os entes perdidos de pessoas estranhas, bom... Fica fácil uma criança achar que não tem habilidade alguma, especialmente quando cobram dela que as desenvolva.

    De acordo com minha família, eu falava com fantasmas, quando pequena. Mas não apenas com eles. Via o mundo espiritual, mas com pai e mãe que mexiam com magia negra, isso era um pouco demais para uma criança pequena: lembro apenas de algumas das coisas que via, e até hoje isso me arrepia. Acabaram pedindo que minha mediunidade fosse bloqueada, para minha segurança. Então ali ficou esse dom latente, e foi muito difícil ser a única pessoa sem dom numa família assim. Eu me sentia a própria Mirabel, e me afundava em toneladas de livros de bruxaria, tentando desenvolver pela prática o que a natureza, até onde eu sabia, não me havia dado. Isso foi por volta dos 8 anos, e os livros que me marcaram foram as revistas Wicca da Eddie Van Feu, os quais me conduziram para a linha da Wicca, ao menos naquela época.

    A mediunidade voltou para mim de formas indiretas: eu falava com os espíritos da natureza por meio de uma comunicação que podia ser verbal ou não, mas que tinha muito mais a ver com intuições e sensações do que palavras ou visões propriamente ditas. Se refletia na facilidade com que andava descalça em perfeita segurança, num mato infestado de cobras e aranhas, sem jamais tomar uma picada que fosse. Como adestrava cavalos xucros sem me machucar, ou como desenvolvi o mesmo tipo de tino para as plantas que minha avó. Mas eu não enxergava essas coisas como um dom mágico legítimo, e com vários eventos difíceis que tive ao longo de toda a adolescência, minha fé foi fraquejando. Eu me agarrava aos caminhos mágicos, mas a pressão que recebia para manifestar capacidades diferentes das minhas me faziam sentir insuficiente, inadequada e menos bruxa. Mesmo começar a ler as runas não me preencheu esse vazio, porque afinal eu aprendi por meio de estudo, e não de intuição natural. Era aprendido, não era legítimo (era o que ouvia de minha mãe, ao menos). Quando minha avó faleceu, a fé em mim mesma morreu com ela, por não ter sido capaz de ajudá-la. Beeemmmm... Eu ficava com um pé na magia (porque nunca consegui ficar realmente fora, já que amava demais) e um fora, nunca desistindo, mas nem me sentindo apta a praticar de fato, até muito recentemente.

    Depois que entrei na Biologia, coisas começaram a acontecer para literalmente me obrigar a praticar magia. Pessoas que precisavam de ajuda, jovens em busca de aprender bruxaria, amigas ligadas ao esoterismo... E nem vou comentar - ou melhor, vou sim - o modo como Freyja pulou no meu caminho e me chutou pra dentro da tradição nórdica. Também obra de Freyja, Lena apareceu no meu caminho - depois de 4 anos nos esbarrando sem nos encontrarmos de verdade - e depois disso, minhas últimas desculpas para não ter autoconfiança e para não seguir a magia evaporaram. Abri mão de tudo o que tinha ouvido e aprendido com minha mãe, e recomecei do zero, agora não pra provar algo a alguém, mas para me encontrar. Tudo aquilo que estudei nos livros e com outras pessoas, agora volta com significados bem diferentes, e tanto quanto é um mundo conhecido, também aparece como algo totalmente diferente de tudo que sempre vi. Novo e antigo, venho redescobrindo e encontrando meu lugar nesse caminho, e deixando registrado a experiência para aqueles que a puderem usar.

E se de tudo isso, tenho alguma mensagem para deixar, é essa: não deixe outra pessoa determinar quem você é ou deve ser. Sua relação com os deuses, a Terra e a magia é única, e só vocês a podem definir. Ouça e siga, claro, os conselhos de quem tem experiência, mas não se deixe definir pelas afirmações dos outros. Nossos dons são nossos, e viemos com eles por algum motivo. E não existe ninguém, absolutamente ninguém, que não possua sua própria forma de expressar a magia. Se ainda não sabe qual é, talvez você só precise olhar de uma forma diferente.

Eu olhei, e não me arrependo.


Espero muito que esse relato tenha agradado e até ajudado alguns de vocês, meus amores. Beijos enormes, abraços perfumados, e por agora me vou. Vamos nos ver logo mais, com as postagens sobre feitiços para a primavera!



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